ALDO - DHF

ALDO-DHFEffect of Epironolactone on Diastolic Function and Exercise Capacity in Patients Wiht Heart Failure With Preserved Ejection Fraction

       Insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada é uma condição comum no qual os critérios diagnósticos não estão bem estabelecidos, apresentando divergências entre os consensos e que apesar de trazer o cunho de insuficiência cardíaca, esta condição agrupa uma heterogênea  população cujo prognóstico e fisiopatologia diverge da tão conhecida insuficiência cardíaca sistólica ou com fração de ejeção deprimida. Neste cenário o melhor tratamento ainda é incerto e o papel de drogas que determinam impacto no prognóstico de pacientes com IC sistólica ainda não estão definidos na IC com fração de ejeção preservada.
      O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficácia do uso em longo prazo do bloqueador do receptor da aldosterona (Espironolactona) em Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada, definindo como desfecho primário melhora na função distólica (avaliada por ecocardiograma) e capacidade máxima ao exercício (avaliado por teste de exercício cardiopulmonar). Para tanto foi randomizado 422 paciente de ambulatório acima de 50 anos, com IC classe funcional II e III (NYHA) com fração de ejeção acima de 50% e evidência ecocardiográfica de disfunção diastólica. Excluído pacientes com fração de ejeção deprimida (<40%), doença coronariana e pulmonar relevante e contra-indicações ao uso de espironolactona. Os paciente foram seguidos por 1 ano e realizado avaliações após a randomização, aos 6 meses e 12 meses. Como resultados foi observado redução da disfunção diastólica (avaliado pelo ecocardiograma através da relação E/e` - desfecho primário) e redução do índice de massa ventricular esquerda (desfecho secundário), sem absoluto impacto clínico (melhora dos sintomas e qualidade de vida) e no desfecho primário de melhora da capacidade ao exercício.
       Nota-se neste trabalho aproximadamente  85% dos paciente apresentavam sintomas crônicos estáveis (CF II) atribuíveis a IC, com NT-proBNP em média dentro da faixa de normalidade e com baixíssimas taxas de eventos e internações nos últimos 12 meses. Além disso, os paciente apresentavam E/e`(critério diagnóstico utilizado pelo estudo para definir IC diastólica) dentro da faixa cinzenta,  o que no faz questionar se esses pacientes realmente tinham Insuficiência Cardíaca ou estavam com tratamento efetivo muito bem otimizado. O fato do trabalho não utilizar desfechos robustos, mas sim desfechos substitutos, bem como ter apresentado reduzidas taxas de eventos e seguimento curto para demonstrar o benefício da intervenção, reduz a qualidade da evidência demonstrada, bem como a magnitude do seu achado.
      Diante de uma droga que não é isenta de efeitos colaterais indesejáveis e intolerância, tal evidência não demonstra benefício e segurança para ser aplicado a este perfil, em especial, de pacientes. No entanto vale lembrar que “ a ausência de evidência não pode ser construído como ausência de evidência de um efeito”.

Comentários

  1. A IC sistólica apresenta uma fisiopatologia muito interessante e bem conhecida. Para esta entidade, utilizamos uma polifarmácia muito bem validada por grandes ensaios clínicos randomizados e com grande poder estatístico que tranquiliza a todos.
    O trial em questão, além da grande crítica metodológica muito bem citada neste blog, apresenta um tamanho amostral reduzido. Os achados encontrados serão úteis exclusivamente para que novos estudos sejam feitos em fase III, com poder estatístico e seleção clara e objetiva de pacientes. Parabéns ao Patrick pela postagem e excelentes comentários do grupo de cardiologia do HSR.

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  2. Insuficiência Cardíaca é sempre um tema muito interessante.

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