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Mostrando postagens de 2014
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AINDA HÁ ESPAÇO PARA A NIACINA ?   Sabe- se que pacientes com doença cardiovascular apresentam risco substancial de um evento vascular maior, à despeito do tratamento padrão dos fatores de risco. Dados observacionais indicam que o LDL colesterol está diretamente e fortemente associado com o risco de doença coronariana e que o HDL guarda uma relação inversa. Neste contexto, os guidelines atuais apontam a niacina como uma terapia a ser considerada, visto que em altas doses promove redução dos níveis de LDL e triglicérides e aumenta os níveis de HDL. Entretanto, a adição dessa terapia ao tratamento clínico padrão com estatina não mostrou benefício clínico em estudos randomizados, haja vista o AIM-HIGH Tria que envolveu mais de 3000 pacientes e foi interrompido precocemente pela ausência de benefício aparente. Nesse cenário, o estudo HPS2-THRIVE foi desenhado para avaliar os efeitos da adição de niacina com laropipranto, à terapia com estatina na prevenção secundári
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  A frequência cardíaca elevada é um marcador de risco cardiovascular na população geral e entre pacientes com doença cardíaca. Diante disso, a redução da frequência cardíaca permanece como um importante ponto no manejo de pacientes com angina estável, visto que promove redução de sintomas e isquemia. Beta-bloqueadores e bloqueadores dos canais de cálcio são classes comumente utilizadas para esse fim, embora seu uso possa ser limitado por reações adversas ou contraindicações.   A ivabradina é um inibidor específico e seletivo da corrente If do nódulo sinoatrial que promove redução da frequência cardíaca, sem afetar a pressão sanguínea ou função sistólica do ventrículo esquerdo.   Em 2010, o estudo SHIFT avaliou a adição de ivabradina ao tratamento clínico padrão de pacientes com insuficiência cardíaca crônica, tendo demonstrado redução significativa no desfecho primário composto por morte cardiovascular ou hospitalização por piora da insuficiência cardíaca. No início do mês de S
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Em junho deste ano (2014) foi publicada no  Annals of Internal Medicine uma interessante revisão sistemática comparando as estratégias de controle do ritmo x controle da frequência cardíaca (FC) no manejo dos pacientes com fibrilação atrial (FA). Sabemos que a FA, como importante problema de saúde pública, traz consigo uma associação substancial com mortalidade, morbidade e altos custos para o sistema de saúde. Diante de tantas incertezas na segurança e efetividade das estratégias de controle do ritmo x frequência, o que temos atualmente em termos de evidência científica? Buscando respostas, os autores escolheram uma série de questões a serem avaliadas: 1) Controle do ritmo x frequência; 2) Medicações usadas no controle da frequência; 3) Controle da frequência estrito x leniente; 4) Terapia não-farmacológica x medicações (controle da frequência); 5) Cardioversão elétrica (CVE) x drogas anti-arrítmicas (DAA) na restauração do ritmo sinusal; 6) Ablação por cateter x Ablação ci
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O Coração em Tempos de Copa do Mundo     Passado um mês da copa e todas as emoções, chega a hora de refletir...              Em tempos de copa do mundo surgem sempre as histórias de alguém que “infartou” graças às fortes emoções futebolísticas. Prontamente vem na memória o jogo de Brasil e Chile que fez repercutir na mídia um caso de infarto que levou a morte um torcedor carioca de 69 anos, que assistia o jogo no Mineirão.   Neste mesmo jogo foram registrados pelo menos mais quatro casos de “princípio de infarto” dentro do estádio. Mais próximo a nós um torcedor Holandês foi admitido em nossa unidade coronariana com um típico quadro de infarto agudo do miocárdio. Os “Hermanos Argentinos” registraram duas mortes por infarto em torcedores que comemoravam a vitória da Argentina sobre a Holanda.                             Diante desses casos é inevitável então surgir um questionamento: Será que as pessoas infartam mais na copa do mundo? Muito se especula sobre isso, princi
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Atrial Fibrillation in Patients with Cryptogenic Stroke (N Engl J Med 370;26 June 26, 2014) Recentemente foi publicado no NEJM mais um estudo sobre acidente vascular cerebral (AVC) criptogênico e fibrilação atrial (FA), um tema já conhecido e amplamente discutido. No entanto, o estudo trouxe um questionamento interessante: será que o monitoramento por 30 dias com ECG contínuo, quando comparado a medida de Holter 24h, seria capaz de identificar uma maior proporção de casos de fibrilação atrial e indicar tratamento com anticoagulantes?              Para testar sua hipótese, no período de junho de 2009 a março de 2012, os autores realizaram um estudo multicêntrico, randomizado, aberto, no qual selecionaram pacientes com mais de 55 anos que não tivessem FA conhecida e que tivessem uma história de AVCi ou acidente isquêmico transitório (AIT) de causa indeterminada nos últimos seis meses. Os pacientes foram randomizados pra usar o Holter de 24h (285 compondo o grupo control
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O  TEMPO DOS ANESTESISTAS Texto de  NILA MARIA COSTA É o tempo do espaço É o tempo onde corpos estão sendo modificados e eles estão atentos para esta verdade Estão atentos também para a verdade dos seus propósitos É o tempo de uma tríade estabelecida entre a vida, o outro, e os seus próprios pensamentos. Muitas vezes também é o momento oportuno para uma leitura que se estabelece na atenção em tudo que o cerca... Sua função é abater o corpo da dor de estar vivo enquanto sofre uma transformação. Cuidar de um   corpo como se   fosse a única coisa que aquele ser possui em sí, pois esta é a sua máxima possibilidade naquele momento. Aquele corpo merece respeito e é por este motivo que ele existe ali - para honrar aquela parte do ser.   E é naquele   tempo que muitas vezes   se   percebe a vida em sua expressão mais radical. O tempo do anestesista paira entre um mundo e outro. Há momentos em que tudo esta calmo e ele pode olhar para sua vida -   nada mais
Seguidores do Blog Cardiologia Hospital São Rafael, Por motivos diversos,  estivemos ausentes nesses últimos meses mas, finalmente como muitos dirão, voltamos e com força total revigorados afinal o retorno coincidiu com o DIA DOS NAMORADOS e a COPA DO MUNDO FIFA BRASIL 2014. O estudo que hora discutiremos respondeu um questionamento feito por mim após avaliar um paciente que desenvolveu uma EMBOLIA PULMONAR no pós operatório onde, de frente há um paciente ''intermediário'' suscitou o questionamento sobre a FIBRINÓLISE. Espero que curtam e, mais do que isso, comentem enriquecendo assim nossa discussão. Vamos lá! QUANDO O RISCO NÃO SUPERA O BENEFÍCIO: De relevância clínica inquestionável, a embolia pulmonar é uma entidade clínica cujo espectro clínico perpassa do choque ao quadro incidental,   ainda mais no atual contexto mecanicista e na carência de bons escores preditores de risco. Sendo o EP um trombo,  nada mais racional do que ‘’dissolvê-lo’’ ainda m
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Association Between Postoperative Troponin Levels and 30-Day Mortality Among Patients Undergoing Noncardiac Surgery (VISION)

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QUEM NÃO SABE O QUE PROCURA NÃO RECONHECE O QUE ACHA JAMA 2012: 307 (21): 2295 - 2304 Nesta postagem voltaremos a um tema recentemente abordado neste blog: o papel prognóstico da troponina no pós-operatório de cirurgias não cardíacas e sua capacidade de modificar conduta. Recomendamos a leitura da postagem  “A troponina que marca ou mata?”   publicada em 28 de janeiro de 2014 e na qual analisamos o artigo CHASE.    O estudo VISION, publicado em 2012 no JAMA concluiu que a alteração de troponina nos três primeiros dias pós-operatórios (desfecho primário) se associou significativamente a um aumento de mortalidade dentro dos primeiros trinta dias. Devido aos seus resultados, este trabalho é um marco nesta discussão e é utilizado como um dos principais argumentos por aqueles que defendem a dosagem sistemática de troponina. Podemos confiar nestes resultados? Devemos modificar nossa prática baseados nesses dados?   Para responder a estas perguntas vamos detalhar

A Arte de Cuidar

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(A palavra cuidar tem sua origem no Latim (Cogitare) que significa imaginar, cogitar, meditar; aplicar a atenção, o pensamento, a imaginação) Não sei o que poderia dizer a alunos de medicina… Na verdade eu mesma muito me questionei antes, durante, e de certa forma me questiono ate hoje acerca do significado da profissão que, não sem sacrifícios, escolhi abraçar. O fato é que muitas vezes na vida fazemos coisas e somente bem depois, mas bem depois mesmo, é que nos damos conta da conjunção de fatores que jaziam por detrás das nossas decisões supostamente “livres”. (para maiores detalhes sobre este tema sugiro a leitura do fascinante e inquietante livro  Subliminar  de Leonard Mlodinow).  Então fica já, pra inicio de conversa, lançada uma questão : o que em mim me levou a “escolher” esta profissão? Cuidar explicita uma relação dual: aquele que cuida e aquele que recebe cuidados.  Alguém que precisa e um outro que está à serviço. Mas sabemos que esta relação, embora pareça desigua