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Por motivos diversos,  estivemos ausentes nesses últimos meses mas, finalmente como muitos dirão, voltamos e com força total revigorados afinal o retorno coincidiu com o DIA DOS NAMORADOS e a COPA DO MUNDO FIFA BRASIL 2014.

O estudo que hora discutiremos respondeu um questionamento feito por mim após avaliar um paciente que desenvolveu uma EMBOLIA PULMONAR no pós operatório onde, de frente há um paciente ''intermediário'' suscitou o questionamento sobre a FIBRINÓLISE.

Espero que curtam e, mais do que isso, comentem enriquecendo assim nossa discussão.

Vamos lá!

QUANDO O RISCO NÃO SUPERA O BENEFÍCIO:

De relevância clínica inquestionável, a embolia pulmonar é uma entidade clínica cujo espectro clínico perpassa do choque ao quadro incidental,  ainda mais no atual contexto mecanicista e na carência de bons escores preditores de risco.

Sendo o EP um trombo,  nada mais racional do que ‘’dissolvê-lo’’ ainda mais nos quadros com instabilidade clínica ou disfunção orgânica. Afinal, trombose mata - e muito - no mundo, com séries variando de 10% a 30%.

Isto posto, recentemente em nosso serviço encontramos um paciente com EP e disfunção do VD e lesão miocárdica mas hemodinamicamente estável e me lembro de encaminhar para nosso staff o questionamento sobre a trombolise nesse contexto.

Para responder esta pergunta, vasculhando a literatura, encontramos no NEJM o estudo PEITHO, publicado na edição em Abril 2014,  que de forma prospectiva, randomizada,  duplo cego e placebo controlado, buscou avaliar se a terapia fibrinolítica com Tenecteplase diminuiria o composto de morte e descompensão hemodinâmica com segurança.

Considerando um incidência de morte de 7%, transposto das grandes séries, um poder de 80% de detecção com redução de 20% se definiu um n=474. Foram randomizados 1006 pacientes sendo 506 para a intervenção com TNK, variando de 30 a 50mg de acordo com o peso, seguida por HNF ajustada pelo TTPa e 500 para terapia padrão com HNF. 

Numa análise de intenção de tratar, a chance de morte e instabilidade hemodinâmica foi menor no grupo TNK (odds ratio 0,44 P< 0,02) a custa de diminuição da chance de instabilidade hemodinâmica (odds radio 0,30 P<0,002), fato que se sustentou com 30 dias, independente da idade ou gênero.

Para o estudo foi definido que instabilidade hemodinâmica seria a necessidade do uso de aminas vasoativas ou hemocomponentes, além do julgamento clínico,  critérios por nós considerados subjetivos demais para se avaliar eficácia.

Quanto a segurança, foi observado uma chance maior de sangramentos extracranianos menores e acidente vascular cerebral hemorrágico (NNH 55). Desde, para os que não foram a óbito permaneceram com um rankin scores (sequela) moderado. A título de comparação o NNT foi de 33 para o desfecho primário. 

Isto posto, não nos pareceu que a trombólise com TNK e, porque não com os demais trombolíticos disponíveis, sem instabilidade hemodinâmica mas com disfunção de VD e injúria cardíaca ser factível afinal o RISCO NÃO SUPERA O BENEFÍCIO!


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