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Mostrando postagens de 2016

FDA apresenta: PRECISION Trial

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http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1611593 Desde a sua criação nos anos 60, os AINE's se tornaram rapidamente a classe de medicamentos mais prescrita em todo o mundo, com mais de 100 milhões de prescrições por ano apenas nos EUA. A farmacologia da inibição da COX-1 e seu efeitos indesejados na fisiopatologia renal, gástrica e plaquetária motivaram o desenvolvimento dos AINE's COX-2 seletivos, aos quais são atribuídos uma menor taxa de eventos adversos dessa ordem. Um deles ficou estigmatizado por aumentar eventos cardiovasculares. O famoso Vioxx (rofecoxibe), outrora bastante prescrito, foi retirado de circulação nos EUA pelo FDA em 2004, após pequenos estudos pós-comercialização acusarem aumento de risco cardiovascular (CV). O Celecoxibe foi mantido no mercado, mas sob condição de desenvolver um estudo para avaliar a segurança CV desta droga. Essa segurança foi testada no PRECISION trial, um estudo randomizado, multicêntrico (926 centros em 13 países

Estudo ART Trial - Seis por Meia Duzia

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                                                www. nejm .org/doi/full/10.1056/ NEJM oa1610021 A cirurgia de revascularização miocárdica com enxerto de mamária única é um método consolidado com eficácia provada em diferentes estudos para o tratamento do paciente multiarterial sintomático com redução inclusive de mortalidade nesse cenário. A patência de uma mamária ao longo de 10 anos gira em torno de 90-95% enquanto os enxertos venosos possuem uma patência de 25-50% a depender do estudo. Alguns centros cirúrgicos, baseados em estudo observacionais prévios que mostravam até uma redução de 20% em mortalidade quando comparada revascularização cirúrgica com mamária dupla em relação à mamária única, realizam tal procedimento. Entretanto, devido a maior complexidade do mesmo, maior potencial de complicações da esternotomia operatória e pela falta de estudos randomizados, a revascularização com mamária dupla não é realizada de rotina, apenas em alguns casos. Diante desse cen

PIONEER: Continuamos sem resposta...

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A presença de pacientes com fibrilação atrial submetidos a implante de stents coronários está se tornando rotina nos hospitais e consultórios médicos, e sempre vem a dúvida de como será a terapia com anticoagulante e antiplaquetários associados, já que a prevenção de AVC isquêmico e trombose coronariana não possuem uma terapia única e eficaz neste contexto. Sendo assim, o que escolher: terapia tripla? usar um anticoagulante e AAS? Um anticoagulante e clopidogrel? E por quanto tempo deve ser mantido? Qual anticoagulante escolher? Afinal, qual dessas escolhas é a mais segura de forma que mantenha a eficácia? Para responder a esta dúvida corriqueira surgiu o primeiro grande trial sobre o assunto, o PIONEER. Publicado no NEJM em novembro deste ano, recrutou mais de 2100 pacientes com FA (90% com CHADS-Vasc ≥2) submetidos à ICP com implante de stents farmacológicos por DAC estável ou síndrome coronariana aguda, sendo alocados entre 3 grupos de associação de anticoagulante

O badalado EXCEL trial, Nova tendência?

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   Everolimus-Eluting Stents or Bypass Surgery for Left Main Coronary Artery Disease   http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1610227#t=article Com surgimento da intervenção coronariana percutânea (ICP), surgiu o dilema entre a revascularização cirúrgica e percutânea. Cada vem mais o tratamento percutâneo vem ganhando mais espaço na abordagem de DAC e nas doenças valvulares. No contexto da DAC uns dos grandes dilemas atualmente é o tratamento da coronária esquerda, principalmente o tronco, por via percutânea que sempre foi considerada uma patologia de abordagem eminentemente cirúrgica. Após o estudo SYNTAX, já abordado em neste blog, foi publicado o estudo EXCEL na New England Jornal of Medicine no dia 31 de outubro de 2016. O EXCEL, foi um estudo aberto, randomizado, multicêntrico, envolvendo 17 países e 126 centros, durante o período de 29 de setembro de 2010 até 6 de março d e 2014. Esse estudo, teve como objetivo demostrar não inferioridade da ICP

Estudo PESIT - síncope e embolia pulmonar: Vale a pena investigar todo mundo?

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http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1602172#t=article O estudo PESIT – um ensaio clínico Italiano recentemente publicado no NEJM  -  propôs-se a avaliar a prevalência de Embolia pulmonar em pacientes hospitalizados por um primeiro episódio de síncope. O seu racional teórico se justifica na observação de que, muito embora esta entidade seja um dos diagnósticos diferenciais de causa de síncope e com um potencial de morbimortalidade elevado, até mesmo as principais diretrizes internacionais abordam pobremente a associação entre TEP e Síncope. A conclusão do estudo foi de que em cada 6 pacientes  internados com um primeiro episódio de síncope, 1 apresentava embolia pulmonar. Esta conclusão gerou grande repercussão, inclusive nas redes sociais; mas, como em tudo na vida (e na ciência), calma e atenção são fundamentais ao analisarmos os resultados deste estudo; do contrário, sairemos indicando angiotomografia pulmonar em cada paciente que chegar com síncope na emergência
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Arctic, Antarctic e a insistência dos testes de função plaquetária O uso de dupla antiagregação plaquetária (DAPT) quando indicada na DAC, se faz necessário devido ao alto risco de trombose, porém, junto a essa conduta aumenta também o risco de sangramentos. E se houvesse uma forma de medir a atividade plaquetária e tentar estratificar qual paciente possuiria maior risco de trombose ou maior risco de hemorragia fazendo uso da dupla antiagregação, para dessa forma ajustar a dose ou modificar o antiplaquetário em uso? Fazer uma conduta individualizada maximizando o benefício e minimizando o risco. A ideia soa bem aos ouvidos, e foi neste pensamento que surgiram em meados de 2010 os primeiros testes de função plaquetária. E em 2012, foi publicado o estudo Arctic que avaliou mais de 2mil pacientes usando DAPT (a maioria AAS + clopidogrel) após ICP eletivas em pacientes com média de idade de 60 anos, o qual mostrou a INEFICÁCIA dessa conduta quando comparada à terapia c

NORSTENT trial: Contra fatos não há argumentos

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http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1607991 "Stents metálicos (BMS) estenosam mais. Stents farmcológicos (DES) trombosam mais". A já conhecida disputa por espaço no campo da cardiologia intervencionista, pendente para o lado dos stents eluidos, ganhou em ago/2016 mais um embate equilibrado, dessa vez travada nos centros de hemodinâmica da Noruega. O objetivo era rediscutir um dado já bem conhecido na literatura médica: há diferença de morte/IAM entre pacientes tratados com stents farmacológicos e metálicos?          O cenário para responder esse eco científico foi o território norueguês e todos os seus incríveis 8 centros de hemodinâmica, que cobrem uma população pouco superior a 5 milhões de habitantes. Foram incluídos pacientes que fizeram CATE por DAC estável ou SCA com lesões obstrutivas e que não tivessem stents prévios - pouco mais de 9000.              O desenho do trial teve a falha de ser aberto - clínicos, hemodinamicistas e pacientes estav

Estudo SYNTAX: Tratamento de lesões coronarianas trivasculares ou em tronco de coronária esquerda - Cirurgia ou angioplastia com Stent Farmacológico?

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http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa0804626#t=article Os resultados do estudo SYNTAX foram apresentados ao mundo pela primeira vez no Congresso da Sociedade Européia de Cardiologia de 2008 em Munique e posteriormente, em março de 2009, publicado no NEJM.  Multicêntrico e randomizado, patrocinado pela Boston Scientific – fabricante do stent eluído Taxus – o SYNTAX avaliou ao longo de 12 meses se a angioplastia de lesões de tronco ou lesões trivasculares seria, ao menos, não inferior à revascularização cirúrgica. O desfecho primário foi o composto de eventos cardíacos maiores ou eventos cerebrovasculares (ou seja: morte por qualquer causa, IAM, AVC) e a necessidade de repetir a revascularização foi um desfecho secundário.  A revascularização coronariana cirúrgica (CABG) tornou-se o tratamento padrão para a DAC grave sintomática desde 1968, quando surgiu como alternativa ao tratamento clínico. Quase uma década após seu início e paralelo ao aperfeiçoamento das técn
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EVEREST II: Os 5 anos de  MitraClip  e a sua grande  pretens ão  de ser superior   O tratamento percutâneo   para  o grupo das valvulopatias   cada vez mais vem ganhando destaque ,  especialmente ,   n a insuficiência mitral e  n a estenose aórtica.   Como o tratamento medicamen toso não muda o curso natural dessas  doença s,  cabe a  terapia cirúrgica   tentar  melhorar  o seu prognóstico.  Por exemplo, na  insuficiência mitral sintomática   tratada clinicamente apenas ,  a mortalidade gira em torno de 5% ao ano, podendo nas classes fun cionais mais avançadas chega r  a  12%  ao  ano .   Desde dos anos 2000, o terapia percutânea vem se desenvolvendo, e o  primeiro  grande estudo comparando tratamento percutâneo  à   cirurgia  card íaca  ( plastia  ou troca valvar -  padrão ouro)  foi  o Everest  II   trial ,  em 2011 , publicado  na NEJM. Veio  com a proposta  de  demostrar  m aior  eficácia e segurança  d o reparo valvar  mitral percutâneo  ( Mitraclip )   quand