Série DAC: O Estudo TRITON – O dilema do Prasugrel


Prasugrel versus Clopidogrel in Patients with Acute Coronary Syndromes 


N Engl J Med 2007; 357:2001-2015November 15, 2007DOI: 10.1056/NEJMoa0706482

O TRITON trial foi um dos 3 grandes estudos no cenário da dupla anti-agregação plaquetária, foi publicado em novembro de 2007 após a publicação do CURE (clopidogrel) a antes do PLATO (ticagrelol) ambos já mencionados em postagens anteriores.

A sua metodologia apresentou um desgin curioso. A primeira dose da dose dupla anti-agregação plaquetária foi  realizada somente após o conhecimento da anatomia coronariana pelo cateterismo cardíaco. Desta forma poderia evitar a utilização precoce da dupla anti-agregação em pacientes candidatos a revascularização cirúrgica e assim reduzir o tempo de espera para um possível procedimento cirúrgico.

Mas com este desgin também surgiu uma dúvida, quem seria o maior beneficiado a ter melhor resultado? O prasugrel (mais potente e início de ação mais rápido) ou o clopidogrel (menos potente com tempo de ação mais prolongado)?

O desfecho primário foi um combinado de morte por causas cardiovasculares, infarto não fatal e AVC não fatal. No grupo do prasugrel houve ume redução no risco relativo de 18% - OR 0,81 (0,73-0,90), P: <0,001 com NNT:49. Em uma análise isolada dos componentes do desfecho primário, o infarto não fatal foi o único que apresentou significância estatística com número de eventos no grupo prasugrel 475(7,3%) e grupo clopidogrel 620(9,5%), OR 0,76 (0,67- 0,85) P<0,001. O AVC não fatal e morte por causa cardiovascular não demostrou isoladamente significância estatística.

Em uma análise de subgrupo o prasugrel demostrou um possível benefício em pacientes diabéticos e não diabéticos, com uma tendência maior nos pacientes diabéticos. Porém não podemos inferir que os pacientes diabéticos tiveram um maior beneficio em relação ao não diabético só por essa análise de subgrupo.

Em relação ao desfecho de segurança, sangramento maior não relacionado revascularização cirúrgica, no grupo prasugrel 146(2,4%) e no grupo clopidogrel 111(1,8), OR 1,32 (1,03-1,68), P: 0,03 demostrando com significância estatística aumento no sangramento. Em uma análise post-hoc, sabendo das limitações desta análise, demostrou que os pacientes com idade >75 anos, baixo peso e passado de AVC poderiam ser grupos de maiores riscos para sangramento.

Então o TRITON, mesmo sendo desenhado para favorecer o grupo teste (prasugrel), não evidenciou um benefício importante e ainda demostrou um aumento nas taxas de sangramentos. Desta forma não conseguiu desbancar o uso do clopidogrel na corrida da dupla anti-agregação plaquetária na síndrome coronariana aguda.

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