Hipertensão e seu Manejo Resistente



O manejo da hipertensão resistente ainda é grande desafio na prática médica. Apesar de um arsenal medicamentoso importante, esta entidade continua crescente, o que é motivo de preocupação visto seu número de complicações e conseqüências. Daí a importância de persistir na identificação dos pacientes portadores, bem como enfatizar a importância de uma terapia medicamentosa aderente.
Este ano, foi publicado um artigo com o objetivo de comparar a espironolactona versus a clonidina como 4ª droga na terapêutica medicamentosa para hipertensão resistente. O estudo ReHot foi publicado pela Hypertension da American Heart Association e se trata de um estudo não cego,  onde foram randomizados 187 pacientes hipertensos em todas as regiões do Brasil, tendo como desfecho primário o controle efetivo da PA, determinado por PA ambulatorial (definida como uma PAS <140 mm Hg e uma PAD <90 mm Hg) e MAPA (definido como uma PA média de 24 horas <130/80 mm Hg) após o período de tratamento de 12 semanas com clonidina ou espironolactona. No desfecho secundário os autores incluíram o controle efetivo da PA por cada método de avaliação (PA ambulatorial / MAPA ) e redução absoluta da PA em cada braço do estudo. Os pacientes foram monitorados com visitas domiciliares e contagem de pílulas.
Como conclusão, o estudo traz que a clonidina não é superior à espironolactona em pacientes com hipertensão resistente, o que causa estranheza, uma vez que no objetivo os autores não foram claros quanto à hipótese e deram a entender que não se tratava de um estudo de superioridade (e sim de uma análise bicaudal, admitindo que qualquer uma poderia ser superior à outra). Nesta conclusão, dá-se a entender que a hipótese testada era a da superioridade da clonidina. A questão posológica, por outro lado, não é nenhuma novidade.
Apesar da boa e importante ideia, a sensação ao fim da leitura do artigo é de que pouco se pode aproveitá-lo na prática clínica. Continuamos com a incerteza com relação à melhor escolha da 4ª droga, cabendo-nos identificar este tipo de hipertensão, educar a população informando sobre a importância da adesão ao tratamento e, claro, manejar nossas opções terapêuticas de forma individualizada. Por fim, não temos evidência para preferir uma droga à outra, ou talvez, de acordo com a conclusão do estudo (que a principio nos parece se tratar de um estudo de superioridade bidirecional), temos a fraca evidência de que a clonidina é não superior à espironolactona como 4 ª droga para tratamento da hipertensão resistente.

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