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Mostrando postagens de março, 2016

Série Insuficiência Cardíaca: A-HeFT – HÁ DIFERENÇA NO TRATAMENTO ENTRE NEGROS E BRANCOS?

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(http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa042934) O estudo African-American Heart Failure Trial (A-HeFT), cujo título “Combinação de dinitrato de isossorbida e hidralazina em negros com insuficiência cardíaca”, foi publicado em novembro de 2004 na maior revista de impacto mundial no ambiente médico, o The New England Journal of Medicine. Este estudo veio com a proposta de que haveriam algumas diferenças entre os mecanismos fisiopatológicos envolvendo pacientes negros e brancos dentro da insuficiência cardíaca. Julgavam estas alterações serem a uma menor ativação da enzima conversora de angiotensina e a uma menor biodisponibilidade de óxido nítrico na população negra, estes participantes no remodelamento cardíaco. Pois seria justamente no metabolismo do óxido nítrico que agiriam o nitrato e a hidralazina. Pois bem, ainda sem entrar no mérito da metodologia e resultados do A-HeFT, analisando apenas o seu referencial teórico, já podemos nos fazer uma pergunta: Mas haver

Série Insuficiência Cardíaca – O clássico estudo COPERNICUS: o Carvedilol mudando os conceitos do tratamento da IC avançada

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"EFECT OF CARVEDILOL ON SURVIVAL IN SEVERE CHRONIC HEART FAILURE" N Engl J Med, Vol. 344, No. 22 · May 31, 2001 O estudo COPERNICUS (Efect of Carvedilol on survival in severe chronic heart failure) foi publicado em maio de 2001 na revista New England Journal of Medicine, provocando uma revolução nos paradigmas do tratamento da insuficiência cardíaca avançada. Até a sua publicação, admitia-se o beta-bloqueio apenas em pacientes com insuficiência cardíaca em classe funcional NYHA – II e III, sendo concebido por estudos anteriores que quanto mais avançada a doença, menos efetivo seria o tratamento betabloqueador e maiores os seus efeitos deletérios ao paciente. O COPERNICUS foi um estudo multicêntrico, duplo-cego, randomizado, placebo controlado, realizado em 21 países que avaliou o benefício do uso do Carvedilol em pacientes com IC crônica isquêmica ou não isquêmica, em classe funcional NYHA III e IV, com FE de < 25%, mesmo com terapia convencional ot

Série Insuficiência Cardíaca: O clássico estudo SOLVD e o impacto do IECA na insuficiência cardíaca.

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E FFECT OF ENALAPRIL ON SURVIVAL IN PATIENTS WITH REDUCED LEFT VENTRICULAR EJECTION FRACTIONS AND CONGESTIVE HEART  FAILURE-  The SOLVD. N Engl J Med 1991; 325:293-30  O estudo SOLVD foi publicado em 1 de agosto de 1991 na The New England Journal of Medicine.  Teve como objetivo testar pela primeira vez o uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina(IECA), tendo como desfecho primário redução de mortalidade em insuficiência cardíaca( IC) com fração de ejeção (FE) ≤ 35%. O SOLVD teve duas linhas de pesquisa, uma tendo em vista o tratamento que incluía paciente portadores de IC com FE≤35%  com sintomas de insuficiência cardíaca congestiva(ICC) e outra com o foco na prevenção, pacientes com IC com FE≤35 sem sintomas de ICC. Uma característica do SOLVD foi a fase de Run-in que funciona de forma semelhante a uma triagem de segurança. Ele exclui pacientes que provavelmente não se beneficiariam da intervenção, seja por falta de aderência ou por efeitos adve

ATACAS trial: qual era mesmo a minha pergunta?

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S topping vs. ContinuingAspirin before Coronary Artery Surgery N Engl J Med 2016;374:728-37 O estudo ATACAS, publicado em 25 de fevereiro de 2016 traz uma tentativa de responder uma pergunta muito simples porém importante no dia-a-dia de parte significativa dos paciente com doença artéria coronariana: é seguro manter a aspirina em paciente que serão submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica? Uma crítica pontuada foi uma emenda adicionada ao protocolo da pesquisa, a qual diminuiu em mais de 50% o N de pacientes necessários. A emenda foi justificada pela grande taxa e eventos primários e por grande parte dos paciente com programação de revascularização já receberem a orientação de não suspender o uso de AAS, o que reduziu drasticamente a captação de pacientes. Concluímos que isso não configurou um truncamento do trabalho pois o cálculo foi feito antes da interrupção e esta não foi motiva por um achado benéfico ou maléfico. Há que se pontuar, porém, que o grande