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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

Uso de dupla mamária em cirurgia de revascularização: rotina ou em casos especiais?

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Pergunto a você caro leitor: quando pensar em utilizar enxerto bilateral da artéria mamária em paciente que irá ser submetido a cirurgia de revascularização do miocárdio?  Alguns irão refletir sobre o  risco de complicações, principalmente relacionadas ao aumento de infecção do esterno e questionar o cirurgião optando por esta técnica em pacientes mais jovens, magros e sem diabetes mellitus, dentre outras características.  Alguns irão recordar o estudo  ART  ( Randomized Trial of Bilateral versus Single Internal-Thoracic-Artery Grafts ) 1 . O  ART trial , publicado em 2016, concluiu que, em pacientes submetidos a cirurgia de revascularização do miocárdio, não foi observado diferença significativa em desfechos clínicos (mortalidade, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral) entre enxerto único ou bilateral da artéria torácica interna em 05 anos de acompanhamento (análise interina). Assim como,  Taggart e cols 2 ,  não encontraram benefício do enxerto bilateral na

Posso beber doutor?

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Meu paciente com fibrilação atrial paroxística questiona: posso beber doutor? A fibrilação atrial (FA) é a arritmia mais comum em adultos sendo rotulada por alguns especialistas com uma  “epidemia”.  Atualmente com prevalência em torno de 3% em adultos com idade > 20 anos e previsão de aumento importante (100%) nas próximas 4 décadas. Diversos artigos observacionais identificam vários fatores de risco para o desenvolvimento de FA, dentre eles o c onsumo de álcool.  A associação entre aumento do consumo de álcool e FA foi descrita pela primeira vez em 1978 por  Ettinger,  surgindo a denominação tão conhecida por todos nós:  Síndrome do Coração do Pós Feriado (Holiday Heart Syndrome).  Os autores descreveram aumento de internações devido a arritmias após consumo de bebidas alcoólicas nos feriados e finais de semana. Estudos posteriores apontam para um possível efeito linear da ingestão de álcool e FA. Em um deles, realizado na Suécia, prospectivo, com 79.019 participant

Morfina e desfechos cardiovasculares em pacientes com SCA sem supradesnivelamento do segmento ST submetidos à angiografia coronariana.

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Caro leitor, te faço uma pergunta: você faria este estudo? Quando fui interrogada a este respeito, minha resposta foi sim, pois estudos prévios sugerem interação medicamentosa da morfina com inibidor da P2Y12, podendo retardar a absorção e atenuar o efeito antiplaquetário deste medicamento tão importante. Além do mais, morfina tem sido recomendada para o tratamento da dor torácica aguda em pacientes com síndromes coronarianas agudas (SCA) desde o início do século XX, mesmo não havendo estudo que demonstre segurança clínica nesta população. Em janeiro de 2020 o artigo supracitado foi publicado no JACC 1 . Os autores testaram a hipótese de que o uso concomitante de morfina e clopidogrel está associado a um maior risco de eventos isquêmicos cardíacos. Para tal, utilizaram a base de dados do EARLY – ACS 2  (N= 9.406 pacientes), tratando-se portanto de uma sub- análise post hoc. Neste artigo avaliaram 5.438 pacientes (cerca de 60% da população do EARLY-ACS) com