EUROMAX - NEJM 2013
Bivalirudina
Started During Emergency Transport for Primary PCI
Intitulado EUROMAX, trata-se de
um ensaio clínico publicado recentemente no New England comparando Bivalirudina
(anticoagulante inibidor da Trombina) com Heparina, no atendimento
pré-hospitalar de pacientes com IAM com Supra de ST encaminhados para
Intervenção Coronariana Percutânea (ICP). Tenho certeza de que muitos estão com
a impressão de que já viram esta resposta em algum outro grande Trial, estão
quase certos, trata-se de um quase Déjà Vu; já que em 2010, o estudo Horizon
AMI fez exatamente a mesma comparação no ambiente hospitalar e a resposta foi
consistente e consoante com a já expectativa da negatividade, ou seja, sangrou
menos em quem usou Bivalirudina, porém à custa de maior incidência de trombose
de stent. E o que justifica, então, uma nova comparação dessas duas
estratégias? Segundos os autores a abordagem pré-hospitalar e os avanços
terapêuticos como a possibilidade de acesso radial para intervenção, a
utilização cada vez menor de inibidor da gp IIb/IIIa e o surgimento dos novos
inibidores da P2Y12.
Para tanto, foram randomizados
1089 pacientes para o grupo intervenção (Bivalirudina) e 1109 para o grupo
controle (Heparina) com grupos bem pareados. Devo descrever que a mediana de tempo
entre a randomização e a ICP foi de 50 minutos, 50% dos pacientes utilizaram a via
radial e 50% fizeram uso de dose de ataque dos novos inibidores da P2Y12
(Ticagrelor e Prasugrel). Foram definidos critérios específicos para utilização
de inibidor da gp IIb/IIIa no grupo intervenção, como alta carga trombótica e
obstrução microvascular (no reflow); e mantido liberalidade na utilização desse
inibidor no grupo controle, o que levou a utilização muito maior de inibidor da
gp IIb/IIIa no grupo Heparina (11,5% x 69% respectivamente). Desfecho primário foi considerado como morte
por qualquer causa e sangramento maior não relacionado à cirurgia cardíaca em
30 dias. O resultado, como esperado, foi a redução de sangramento à custa de
maior incidência de trombose aguda de stent, com redução de 40% no risco relativo
e 3,4% no risco absoluto, sem mortalidade. Houve um aumento de 600% na
incidência de trombose aguda de stent, com incremento no risco absoluto de 0,9%
( devemos levar em consideração que este é um evento raro e foi avaliado como desfecho
secundário).
Com resultados semelhantes ao
publicado em 2010 pelo estudo HORIZONS, esse trabalho não nos mostra nada de
novo. Apresenta menos eventos hemorrágicos quem usou Bivalirudina? A resposta é
NÃO. Apresentou mais sangramento, sim, quem usou inibidor da gp IIb/IIIa. Por que
estou afirmando isso? Na tabela de resultados demonstrada neste estudo a diferença
entre os grupos no tocante a utilização de inibidor da gp IIb/IIIa foi enorme,
como descrito acima, o quê configura um
grande viés de desempenho. Entendendo, então, que tal viés comprometeu de forma
determinante a avaliação do desfecho primário, fica difícil acreditar nestes
resultados e mantemos, assim, a utilização de Heparina nos pacientes com
indicação de intervenção neste contexto de IAM com supra de ST.
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