TRUE – AHF – Ularitide, revolução no tratamento da insuficiência cardíaca?

A insuficiência cardíaca (IC) continua sendo uma entidade com taxas de morbidade e mortalidade inaceitavelmente elevadas. Estudos revelam que pacientes portadores de IC em fases mais avançadas, apresentam sobrevida menor que grande parte dos cânceres, sendo inferior apenas ao câncer de pulmão. Sendo assim, observa-se uma corrida no meio acadêmico, para descoberta de novas drogas, com novos meios de ação, que permita a redução da mortalidade, dos sintomas e melhoria na qualidade de vida desses doentes.
Ularitide, um vasodilatador sintetizado quimicamente através do peptídeo natriurético atrial, produzido nas células dos túbulos renais, envolvido na homeostase do sódio e regulação dos fluidos corporais, foi testado quanto à segurança e eficácia no estudo de fase III, o TRUE-AHF. O racional defendido pelos autores, seria que, ularitide, ao atuar na fase inicial dos sintomas, onde o estresse da parede cardíaca é mais proeminente, e o miocárdio estaria mais sujeito a injúria (traduzido pelo aumento dos níveis de BNP, Pro-BNP e troponina), poderia reduzir a lesão miocárdica e teria possivelmente efeito benéfico, com redução dos sintomas e mortalidade.
O TRUE-AHF foi um estudo randomizado, duplo-cego, placebo controlado, conduzido por evento, que avaliou 2157 pacientes em 156 centros de 23 países, entre agosto de 2012 e maio de 2014. Os pacientes foram randomizados para receber Ularitide, na dose de 15 ng/kg/min ou placebo por 48 h, e avaliados quanto à melhora dos sintomas nas primeiras 6,12, 24 e 48 h da administração da medicação e quanto à mortalidade durante todo seguimento do estudo. O principal questionamento quanto ao que se propunha o TRUE-AHF seria: qual a probabilidade pré – teste, da droga levar ao desfecho de redução da taxa de mortalidade a longo prazo, sendo esta, administrada pontualmente na fase aguda da IC? Qual o mecanismo fisiopatológico que levaria ao benefício tardio da droga em teste, para reduzir um dos desfechos primários estudados?
Como desfechos secundários, foram avaliados: permanência hospitalar, eventos relacionados a IC nas primeiras 120 h de internação, reinternação por IC em 30 dias após alta, tempo até conclusão de tratamento para IC, morte por qualquer causa e re-hospitalização durante os primeiros 180 dias. Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos em nenhum desfecho estudado, primário ou secundário.

Uma análise Pós – HOC que avaliou os níveis de BNP e creatinina, antes e após 48 h da infusão da droga, demonstrou uma queda desses níveis no grupo Ularitide, em comparação ao grupo placebo, com diferença estatisticamente significante entre os grupos. Com isso, os autores concluíram que “em pacientes com IC aguda, ularitide exerceu efeitos fisiológicos favoráveis, mas não afetou à curto prazo o desfecho clínico composto ou reduziu mortalidade cardiovascular à longo prazo”. Seria esta uma conclusão adequada? Parece que ainda não foi desta vez, que uma droga com mecanismos fisiopatológicos plausíveis, conseguiu demostrar redução da morbidade e promover alívio dos sintomas ou frear progressão da insuficiência cardíaca.

Comentários


  1. Muito bom! A importância do Cardiologista é principalmente ser consultado com objetivo de prevenção de doenças cardiovasculares.

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  2. Cardiologia é uma matéria super interessante, gostei muito.

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