IAM com supra de ST
Paciente, sexo masculino, 61 anos, tabagista importante e dislipidêmico admitido com angina típica (7/10), palidez e sudorese fria, sendo realizado ECG que evidenciou supra de ST em parede inferior. Foram iniciadas medidas para SCA e encaminhado ao serviço de hemodinâmica.
O CATE demonstrou CX com estenose segmentar na porção proximal do grande ramo Mg com obstrução máxima de 75% sugerindo placa estável. Optado por não realizar ICP primária. Houve resolução espontânea do supra desnível do segmento ST após o CATE.
Na investigação diagnostica o paciente foi submetido a infusão de contraste em aorta sem sinais de dissecção, AngioTC de tórax que afastou TEP e dissecção aórtica aguda e ecocardiograma normal com FE: 67,82%.
O paciente foi encaminhado a unidade coronariana com persistência do quadro álgico, mesmo em uso de nitroglicerina e morfina endovenosos. ECG durante as crises não mostrou alteração isquêmica do segmento ST, porém houve elevação significativa e progressiva dos MNM.
Pelo caráter recorrente da dor e alteração dos MNM foi optado por realizar novo CATE de urgência e ATC da Marginal com stent convencional.
O paciente evoluiu assintomático, com queda dos MNM (CKMB massa: 121,7 – 98,55 – 33,5 – 10,49 – 3,27 e TnT: 1,85 – 1,62 – 1,11 – 0,855).
Foi submetido a RNM do coração que evidenciou área de necrose estimada em 15%.
Discussão:
ICP primária da Mg da Cx na admissão do paciente, mesmo sendo sugestivo de placa estável e fluxo TIMI 3, uma vez que o paciente tinha dor precordial típica e supra de ST em parede inferior
Caso Clínico postado por Dra. Mariana Cota Bastos (Residente de clínica médica do HSR)
Discussão da sessão clínica:
O principal mecanismo fisiopatológico do infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST é a instabilização de uma placa aterosclerótica previamente existente, com formação de trombos e oclusão arterial aguda. O seu tratamento, portanto, prioriza a recanalização da artéria relacionada ao infarto o mais precocemente possível.
A cineangiocoronariografia não é o padrão ouro para definirmos estabilidade da placa, apesar de poder sugerir o aspecto da lesão. Visto que o paciente matinha dor precordial indicaríamos ICP primária da artéria culpada, mesmo que o evento tenha ocorrido por instabilidade da placa com reperfusão espontânea.
Após revascularização miocárdica, o paciente realizou RNM do coração com a evidencia de fibrose em 15% da parede dorso lateral do VE com sinais de no reflow.
Muito boa essa discussão, foram levantados bastantes pontos que eu não havia notado. Parabéns pelo blog.
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