Rivaroxabana x Aspirina: mais do mesmo?
Rivaroxabana x
Aspirina: mais do mesmo?
O
tromboembolismo venoso (TEV) está entre as principais causas de morte por
doenças cardiovasculares no mundo, atrás apenas do infarto agudo do miocárdio e
do acidente vascular cerebral. Ele possui espectro de apresentação que vai
desde a trombose venosa profunda até o tromboembolismo pulmonar agudo, de
acordo com a gravidade crescente de acometimento, sendo seu tratamento baseado
na anticoagulação plena dos pacientes por 3 meses ou mais, dependendo do equilíbrio entre o risco
de tromboembolismo venoso recorrente e o risco de sangramento.
Embora a
anticoagulação prolongada seja eficaz para a prevenção de TEV, o risco de sangramento
frequentemente leva a uma resistência em continuar o anticoagulante para além
de 6 a 12 meses. Tentativas para reduzir o risco de hemorragia quando o
tratamento é prolongado incluem o uso de anticoagulantes de dose terapêutica
mais baixa ou o uso de aspirina no local de um agente anticoagulante.
Em 18 de Março de
2017, foi publicado na New England o artigo entitulado por : "Rivaroxaban or
Aspirin for Extended Treatment of Venous Thromboembolism", um estudo randomizado, duplo - cego onde foram identificados 3396 pacientes com
tromboembolismo venoso para receber Rivaroxabana uma vez por dia (em doses de
20 mg ou 10 mg) ou 100 mg de aspirina. O mesmo tinha
como objetivo comparar as doses de Rivaroxabana de 20 e 10mg entre si, além de
compará-las à aspirina, utilizando como desfecho de eficácia TEV sintomático
recorrente fatal ou não-fatal e como desfecho de segurança, presença de
sangramento significante. Foi concluído que o risco de um evento de tromboembolismo recorrente foi significativamente
menor com Rivaroxabana seja uma dose de tratamento (20 mg) ou uma dose
profilática (10 mg) do que com aspirina, sem um aumento significativo nas taxas
de sangramento.
Foi determinado
que a ocorrência de 80 eventos primários de eficácia resultariam numa potência
de 90% para mostrar a superioridade de cada dose de Rivaroxabana em vez de
Aspirina (nível alfa de 5% nos dois lados), assumindo uma relação de redução de
risco de 70% com 20 mg de Rivaroxabana e de 60% com a dose de 10 mg. Um evento
primário de eficácia ocorreu em 1,5% dos pacientes que estavam a receber 20 mg
de Rivaroxabana e em 1,2% que receberam 10 mg, em comparação com 4,4% que
receberam 100mg de aspirina. Ambas as doses de Rivaroxabana foram superiores à
aspirina (razão de risco para 20 mg de Rivaroxabana vs aspirina, 0,34;
Intervalo de confiança 95% [Cl], 0,20 a 0,59 e para 10 mg de Rivaroxabana vs aspirina,
0,26; IC 95%, 0,14 a 0,47; P <0,001 para ambas comparações). NNT de 34 (20mg
Rivaroxabana x aas) e 31 (10mg Rivaroxabana x aas). Em relação ao desfecho de
segurança (presença de sangramento), 0,5% ocorreu no grupo de 20 mg de
Rivaroxabana, 0,4% no grupo de 10mg e 0,3% no grupo aspirina.
Este estudo não nos traz grandes surpresas, visto que o tratamento de longa
duração com anticoagulantes orais já demonstrou ser eficaz para prevenir a
recorrência de TEV, sendo a aspirina claramente
inferior. Saber que não há diferença considerável no risco de sangramento entre
eles talvez encoraje um pequeno grupo que tinha receio de prolongar a terapia
em razão do risco de sangramento, sendo que, o benefício com o prolongamento da
terapia a despeito do sangramento já está bem estabelecido.
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