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Mostrando postagens de abril, 2016

SEMPRE TEMOS QUE DEMOSTRAR SUPERIORIDADE?

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http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1514616 Quando estamos de frente a um artigo científico, pensamos quase de imediato, será que essa nova terapêutica é melhor do que a padrão? Será que essa busca eterna pelo resultado superior é o mais importante em um estudo? O PARTNER 2 é um exemplo de estudo que não seguiu essa linha clássica de superioridade na comparação entre grupo do TARV  (Transcatheter aortic-valve  replacement)   e a troca valvar cirúrgica. O estudo foi realizado para avaliar a não inferioridade do grupo TARV frente à troca valvar cirúrgica. U m estudo de não inferioridade, tem com finalidade demostrar uma certa igualdade ou até que demostre uma inferioridade até um limite, este limite seria um intervalo de confiança (IC) pré-estabelecido, por convenção um IC de até 1,5; no PARTNER  2 foi estimado um IC de ATÉ 1,20. Como um estudo pode demonstrar relevância tendo IC maior do que 1? Em estudo de não inferioridade, considera-se o IC
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STICHES, qual a magnitude do benefício?            Em abril de 2016 foi publicado o estudo STICHES na NEJM, que comparou a revascularização miocárdica em pacientes com cardiomiopatia isquêmica grave (FE <35%) e terapia clínica isolada. A ideia foi testar o real impacto da cirurgia (redução de mortalidade por todas as causas), já que estudos antigos apontavam para seu benefício.            O STICHES foi uma continuação do estudo STICH publicado em 2011, também no NEJM. Um trabalho multicêntrico, aberto, onde acompanhou 1212 pacientes por 4,6 anos e com poder estatístico de >90%, onde os 610 pacientes do grupo cirúrgico foram operados por experientes cirurgiões em grandes centros, e estando os pacientes em boas condições cirúrgicas (IMC entre 24-30, PAS 110 – 130, Idade entre 54 e 68 anos). Na ocasião, foi evidenciado um aumento de mortalidade inicial nos primeiros 30 dias para a revascularização miocárdica, com posterior igualdade com o grupo controle e consequente

Série Insuficiência Cardíaca - Estudo SCD-HeFT

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                                               www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa043399 M orte súbita por evento arrítmico é uma das principais causas de morbimortalidade nos pacientes portadores de IC em todo mundo. Desde as primeiras descrições da desfibrilação externa em 1960 e o primeiro CDI em 1980, o paradigma para prevenção da morte súbita cardíaca deslocou-se para drogas antiarrítmicas e CDI. Entretanto, até o momento do presente estudo tais terapias não tinham evidências suficientes para sua ampla recomendação. O SCD-HeFT  foi um grande estudo randomizado, placebo-controlado, duplo-cego (no grupo droga)  de prevenção primária de morte súbita cardíaca. Com uma combinação de etiologia de IC isquêmica (52%) e não isquêmica (48%), 2.521 pacientes com uma fração de ejeção < 35% foram randomizados para terapia convencional (placebo), amiodarona ou terapia com CDI. Os três grupos apresentaram características demográficas semelhantes. Além disso, houve um grande

Série Insuficiência Cardíaca: RALES - urina, hormônio ou panaceia?

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http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM199909023411001 O quarto artigo da série “Insuficiência Cardíaca”, publicado em 1999 na NEJM, abre uma pertinente discussão acerca do mecanismo pelo qual a espironolactona impactaria positivamente na redução de mortalidade e internamentos na população de pacientes com IC grave. Seria este potencial benefício mediado por bloqueio da ação da aldosterona, culminando em efeitos em eixos neuro-humorais com todas as implicações fisiológicas conhecidas? Ou a verdade por trás de um benefício tão esplendoroso seria a muito mais simples ideia de que reduzir volemia salva pacientes com IC? Filosofias e reflexões à parte, o estudo se propôs a testar a hipótese de que a adição de espironolactona à terapia padrão vigente na época (inibidor de ECA e diuréticos) reduziria mortalidade por qualquer causa e internamentos por IC. O conceito foi provado com uma confirmação da hipótese alternativa, restando o crivo da crítica médica sobre o que foi publi