Relato de Caso: Miocardiopatia Chagásica terminal.
A.N.B.N. 31 anos, feminina, natural de Irecê e procedente de Luis Eduardo Magalhães.
Portadora de Miocardiopatia Chagásica, forma arrítmica e dilatada, tendo
dado entrada em Clínica Particular na Cidade de Luis Eduardo Magalhães em 05/07/13, com quadro de Insuficiência
Cardíaca Descompensada perfil frio e seco, hipotensa (70x50 mmHg), com palidez
cutânea acentuada, descorada ++/4, presença de cianose labial, pele fria e
pegajosa, taquipneica (41 ipm) com frequência cardíaca de 62 bpm em ritmo de
Marcapasso modo DDD implantado em 29/02/12; bulhas hipofonéticas, presença de
terceira bulha cardíaca (B3), com sopro sistólico grau III/VI em foco mitral;
presença importante de estase de jugulares, hepatomegalia e em anasarca, sem
congesto pulmonar.
Foi
iniciada Dopamina 6-8 micg/Kg/min e Furosemida EV em baixa dose, com melhora
parcial do quadro. Solicitado transferência. Hb 10,5; Ureia 60; Creatinina
1,46; Sódio 140; Potássio 4,8. RNI de 2,02 sem anticoagulante, com TGO e TGP
aumentadas. RX de tórax com grande cardiomegalia, apresentando pouco grau de
congestão pulmonar. Encontrava-se
em uso de Carvedilol 3,125 mg 2x/ Digoxina 0,25 mg 1x/ Espironolactona 25 mg
1x/ e AAS 100 mg/dia.
Transferida
para o Hospital Regional de Barreiras, permanecendo internada por 15 dias.
Após 04 dias da alta hospitalar, retornaram as descompensações, motivando idas
frequentes às UPAs (Unidades de Pronto Atendimento).
Exames
prévios: Ecocardiograma de 09/12/12: AE 44; VE 66/59; SS e PP 7; FE 23%;
hipocontratilidade difusa de grau importante do VE; disfunção diastólica padrão
restritivo. Aumento moderado das câmaras esquerdas; Insuficiência mitral de
grau moderado; Insuficiência tricúspide de grau moderada.
Antecedentes:
Passado de AVC embólico em 01/2013, confirmado por TC, à direita, permanecendo
como área sequelar (hemiparesia à esquerda)
Retorna
à consultório médico em 30/07/13, mantendo decompensação importante. Conseguido
encaminhamento, em Caráter de Urgência, para unidade hospital terciário em Salvador, permanecendo
por cerca de 30 dias na Unidade de Terapia Intensiva/ Enfermaria.
Realizou
novo Ecocardiograma: 15/08/13: AE 45; VE
70/65; SS e PP 6/8; FE 18%; hipocontratilidade difusa de grau importante do VE;
disfunção diastólica padrão restritivo. Dilatação importante das câmaras
esquerdas; HVE severa, com movimento assincrônico do septo e hipocinesia difusa
das demais paredes. Disfunção sistólica do VD; Insuficiência mitral de grau
importante; Insuficiência tricúspide de grau leve. PSAP 60 mmHg.
Discutido
caso, neste hospital, com a Equipe de Cardiologia, Ecocardiografia e Arritmia, sendo optado pela
realização de ECO para pesquisa de dissincronia cardíaca. ECO: 26/08/13: O
índice de dissincronia sugere moderada probabilidade de resposta à
ressincronização cardíaca (exame em anexo). Procedimento realizado em 29/08/13, com implante de marca-passo
multissítio.
Última
Consulta Médica de 22/11/13:
Paciente vem evoluindo com importante melhora clínica, já não mais com os
sinais clínicos evidentes de ICC descompensada. Já realizando caminhadas (dois
quarteirões), assim como realizando afazeres domiciliares. Em otimização
progressiva das medicações para ICC.
Pontos para discursão:
1- Evolução da Miocardiopatia Chagásica terminal
2- Arsenal terapêutico
3- Real papel do estudo de dissincronia e da indicação da TRC em chagásicos
4- Curto/ Efetividade
5- Criar uma opinião formada entre os Médicos Assistentes, Residentes, Arrimologistas e Ecocardiografistas.
6- Manter acompanhamento regular da evolução clínica da paciente
Dr. Neudson Gomes (Médico Assistente de Cardiologia do Hospital São Rafael);
CRM 12.787
CRM 12.787
Muito boa essa avaliação, gostei muito. Parabéns.
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