Trial of Everolimus-Eluting Stents or Bypass Surgery for Coronary Disease - BEST

Estudos randomizados e observacionais têm mostrado que a taxa de eventos adversos que ocorrem em pacientes com doença coronária multi arterial é menor naqueles submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica (CRVM) do que nos submetidos à intervenção coronariana percutânea (ICP). Guidelines recentes recomendam a revascularização miocárdica como sendo o tratamento de escolha para tais pacientes, porém os estudos prévios têm se limitado ao uso de stents farmacológicos de primeira geração.
Estudos têm mostrado que stents de Everolimus (2ª geração) são mais seguros e eficazes quando comparados aos de primeira geração, observando-se principalmente redução na taxa de reestenose. Baseado nestes conceitos, o estudo BEST foi proposto a fim de comparar eventos cardiovasculares em pacientes multiarteriais submetidos à ICP x CRVM.
O estudo BEST foi um estudo prospectivo, aberto, randomizado, conduzido em 27 centros nos países Coréia do Sul, China, Malásia e Tailândia, designado como um estudo de não inferioridade da ICP com stent de Everolimus em relação à abordagem cirúrgica com margem de 4 % de não inferioridade assumindo-se uma incidência de desfecho primário de 12%.
Foram selecionados 1776 pacientes multiarteriais, com 80% de poder para demonstrar a não inferioridade. O desfecho primário era composto de morte, infarto agudo do miocárdio (IAM) ou revascularização. O estudo foi interrompido antes do tempo determinado, devido à demora na inscrição dos 1776 pacientes, com apenas 880 inscritos (438 pacientes para o grupo ICP e 442 pacientes para o grupo cirurgia), fato este que poderia resultar num poder insuficiente para detectar diferenças em relação aos desfechos individuais (como mortalidade ou IAM), além da diminuição do poder estatístico.
Em dois anos, a ocorrência de desfechos primários foi maior no grupo ICP em relação ao CABG, porém sem significância estatística. As taxas de nova revascularização do vaso alvo e IAM espontâneo foram significativamente maiores depois da ICP comparadas à cirurgia, sendo a primeira o item avaliado em desfechos primários de maior contribuição a favor da CABG (7.1% ICP x 3.8% CABG; HR = 1·88; IC = 1.04–3.40; p= 0.03).
Apesar do desencorajamento ao seguimento angiográfico de rotina, este foi realizado em alguns pacientes e foi mais frequente no grupo ICP do que no CABG, o que pode ter influenciado o desfecho novas revascularizações, direcionado por achados angiográficos isolados na ausência de sinais ou sintomas de isquemia.
Nenhuma diferença estatisticamente significante foi mostrada entre os dois grupos na ocorrência do desfecho de segurança (morte, IAM ou AVC). Adicionalmente, os pacientes tinham um SYNTAX score médio intermediário (24 pontos) e um EuroSCORE médio baixo (3 pontos), o que limita a extrapolação para pacientes de maior risco cirúrgico.

Na análise de subgrupos, entre pacientes com diabetes, a taxa do desfecho primário foi significativamente maior entre aqueles do grupo ICP, em relação ao grupo CABG (19.2% vs. 9.1%, P = 0.007). Estudos prévios já vêm reportando que pacientes portadores de DAC e DM têm melhores desfechos quando submetidos à CABG. Apesar do pequeno número de pacientes envolvidos nesta análise, discutimos sobre a hipótese do benefício ser devido a natureza mais complexa e agressiva da DAC nestes pacientes.
Sendo assim, o estudo BEST mostrou que o ICP com uso de stent de segunda geração, não mostrou-se não inferior à cirurgia de revascularização em pacientes com doença coronariana multiarterial e risco baixo a intermediário.

Autores: Dra Milena Cunha e Dr Jorge Matheus.

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