CE-MARC II...DEU CHABÚ?
Effect of Care Guided
by Cardiovascular Magnetic Resonance, Myocardial Perfusion Scintigraphy, or
NICE Guidelines
on Subsequent
Unnecessary Angiography Rates.
JAMA. 2016;316(10):1051-1060.
doi:10.1001/jama.2016.12680.
No
estudo CE-MARC foi comprovada a boa acurácia da Ressonância Magnética cardíaca
como um método para pesquisa de isquemia miocárdica. Como continuação na
avaliação de RM, foi publicado no dia 29 de setembro de 2016 o CE-MARC II
fazendo uma comparação de RM, cintilografia perfusional miocárdica e terapia
guiada por protocolo.
O
CE-MARC II foi um ensaio clinico, randomizado, multicêntrico, ocorrido em 6
cidades da Inglaterra, durante período de 23 de novembro de 2012 a 12 de março
de 2016. Teve como objetivo testar a hipótese de que, entre os pacientes com
suspeita de doença coronariana, a RM seria superior a cintilografia com
perfusão miocárdica e o NICE-guideline para o desfecho primário de números de
arteriografias desnecessárias dentro de 12 meses. O NICE é um guideline pelo
qual o governo inglês fornece como base para condutas na saúde inglesa.
O
estudo foi composto de um n de 1202 com alocação 1:2:2 para NICE, cintilografia
e RM respetivamente. Foram selecionados
pacientes com angina e com probabilidade pré-teste entre 10%-90%. Os pacientes
randomizados para o grupo NICE com probabilidade pré-teste entre 10-29% eram
encaminhados para angio TC, entre 30-60% cintilografia ou arteriografia (a
critério do avaliador), entre 60-90% foram arteriografia. Os randomizados para
RM e cintilografia, se alterados, eram encaminhados para arteriografia
automaticamente seguindo protocolo do estudo.
Na
análise dos dados do desfecho primário temos o seguinte números de eventos:
total de eventos: 139; NICE 69 (28,8%); RM 36 (7,5%); e Cintilografia 34 (7,1%).
Ao comparar RM vs NICE , foi encontrado um OR de 0,21 (95% do IC, 0,12-0,34, P
<0,001) com NNT de 5 e em relação a RM vs Cintilografia OR de 1,27 (95% IC,
0,79-2,03, P=0,32). Diante desse dados
podemos perceber que a RM é superior em relação cuidado guiado pelo NICE, já em
relação a cintilografia observa-se uma semelhança. Quando analisamos os dados
do CE-MARC, a sensibilidade da RM foi de 86,5% com valor preditivo negativo de
90,5% versus a cintilografia com 66,5% de sensibilidade com valor preditivo
79,1%. Será que se tivessémos um n maior, a RM poderia demostrar melhor
resultado em relação a cintilografia?
Desta forma o CE-MARC II não conseguiu demostrar
diferença estatística entre a RM e cintilografia como método não invasivo na
investigação de DAC. Em relação ao Cuidados de protocolo NICE, a RM demostrou
superioridade significante. A grande dúvida que impera quando analisamos esse
estudo é por que testar a cintilografia versus RM na investigação de DAC, uma
vez que o CE-MARC ja havia demostrado melhor acurácia da RM em relação a
cintilografia? Será que os autores apostaram que o RM seria superior a cintilografia?
Se foi esse o caso, não saiu muito como o planejado.
Gostei da matéria, achei muito boa. É muito bacana de vermos os avanços na área da saúde, é algo muito importante.
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