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Mostrando postagens de 2018

O poder das bolhas

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         Em meio ao fenômeno mundial das Fakes News, eis que surge um interessante artigo na conceituada revista Plos One, escrito por um grupo de pesquisadores brasileiros sobre o tema mais badalado do ano: Ozonioterapia.          Em maio deste ano, esta prática foi incluida juntamente com mais nove outros tratamentos ao rol de modalidades terapêuticas disponibilizadas pelo SUS, sendo nomeados como práticas integrativas e complementares. No entanto, faltavam evidências robustas provando que o uso do ozônio traria reais benefícios. Neste contexto, o trial "Comparison between intra-articular ozone and placebo in the treatment of knee osteoarthritis: A randomized, double-blinded, placebo-controlled study" concluiu a eficácia do ozônio no que concerne alívio da dor, melhora funcional e qualidade de vida em pacientes com osteoartrite do joelho.         A ideia foi até boa, mas infelizmente, logo no inicio da metodologia percebemos que o mesmo, não conseguiu desenvolver de

AAS para prevenção primária cardiovascular: 'mocinho' ou bandido?

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Há muito que se sabe que a aspirina é um “santo remédio”... Uma medicação barata, de fácil acesso e que desde 1800 e bolinha sabia-se servir para febre, dor e inflamação e que, apesar da propaganda reiterar que “não afetava o coração”, só quase 100 anos depois, descobriu-se seu benefício na Cardiologia.   Baseados nessa descoberta da década de 80, muitos estudos já comprovaram a eficácia da droga na prevenção secundária de eventos cardiovasculares e muitos outros têm tentado extrapolar seu benefício para prevenção primária de tais fenômenos. Partindo do pressuposto de que pacientes portadores de DM (tipo 1 e 2) possuem um risco de eventos cardiovasculares de 2-3 vezes maior do que a população em geral, alguns  trials  já fizeram o esforço para demonstrar uma relação benéfica do uso do AAS para prevenção de fenômenos nessa população e na geral, destacando-se o ATT (Antithrombotic Trialists’ Collaboration) que, em 2009, demonstrou uma redução de 12% na ocorrência de eventos

Stents servem ao que se propõem e mais um pouco...

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     Em 1979, foi realizada a primeira angioplastia coronariana no Brasil e quase 40 décadas depois, continua servindo como importante terapêutica para pacientes que sofrem com Doença Coronariana. Originalmente, usada para tratamento de angina estável, no entanto, inúmeros estudos, inclusive o COURAGE não mostraram diferença em desfechos duros ( IAM e morte) entre participantes com DAC estável submetido a ICP x grupo controle, com tratamento clínico otimizado. Diante disto, os mais novos guidelines recomendam antianginosos como 1º linha para DAC estável, com ICP reservado para alguns pacientes que permanecem sintomáticos. Dados de estudos randomizados, não cegos mostram significante melhora de resposta ao exercício, melhora da angina e qualidade de vida motivadas pela Angioplastia.     No entanto, as respostas sintomáticas são subjetivas e incluem tanto um efeito terapêutico verdadeiro quanto um efeito placebo. Na ausência de cegamento, o tamanho do efeito da ICP nos desfechos
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A eficácia da ECMO em pacientes com SARA grave: aquela esperança dos 45” do 2º tempo O trial EOLIA ( ECMO to Rescue Lung Injury in Severe ARDS ) recentemente publicado no NEJM traz resultados que nos coloca, talvez, na “estaca zero” quando o assunto é SARA grave. A SARA (Síndrome da Angústia Respiratória Aguda), mesmo com estratégias ventilatórias protetoras, é associada a altas taxas de mortalidade e, a despeito dos grandes avanços na tecnologia dos circuitos da ECMO, o início precoce  desta terapêutica de substituição parece ainda ter seus benefícios não muito bem estabelecidos. Desde a pandemia de H1N1 em 2009 que estudos vêm sendo realizados na tentativa de evidenciar a superioridade em relação aos protocolos de baixo volume e baixa pressão; porém, ainda que com alguns resultados promissores, nada pôde ser concluído de modo a beneficiar a ECMO em virtude de questões metodológicas que comprometeram os resultados. Já a ECMO nada mais é do que uma membrana extracorpórea

Dois Anos de Fama Não Bastam

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Há muito tempo se discute o manejo dos pacientes com DAC estável, bem como a comparação entre a intervenção percutânea e o tratamento clínico otimizado. Entre estes estudos temos o Courage, Bari-2D  e STICH. Em todos estes,  não houve mudança da mortalidade no grupo intervenção comparado ao grupo tratamento clínico.  O estudo FAME-2, trouxe o FFR como uma análise mais criteriosa para tratamento das lesões comprovadas hemodinamicamente significativas, ou seja, com FFR < ou = a 8.  Foi um estudo randomizado e multicêntrico, onde pacientes com DAC estável foram inscritos em 28 locais na Europa e na América do Norte. O objetivo era comparar a terapia medicamentosa associada a ICP guiada por FFR com terapia medicamentosa isolada em pacientes com DAC estável. Medidas de FFR foram feitas para todas as lesões angiograficamente significativas. Cada paciente com pelo menos uma estenose hemodinamicamente significativa (FFR ≤0,80) foi aleatoriamente atribuído em uma proporção de 1: 1 para

SPRINT - A certeza da incerteza!

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     Em Novembro de 2015, com a publicação do Artigo SPRINT no NEJM, tivemos renovada a esperança de que o pensamento mais óbvio ao falarmos de Hipertensão, finalmente foi constatado: Quanto mais baixa a pressão arterial melhor! Dessa forma, fecharam-se os olhos para eventuais “probleminhas metodológicos” e de cara, este ensaio clínico, ganhou força mundial, inclusive sendo forte influenciador do novo Guideline Americano de HAS publicado em 2017.      No entanto, sabemos que esta hipótese de quanto mais controlada a PAS melhor para o paciente, já tentou ser provada antes, como por exemplo, no estudo de boa metodologia denominado ACCORD e não foram obtidas evidências significativas para relacionar um controle mais rigoroso com uma redução de desfechos.   O que seria necessário fazer para encontrar este alvo da Pressão arterial ?      O SPRINT foi um estudo clínico randomizado, controlado, não cego conduzido em 102 clínicas nos EUA e Porto Rico. Entre critérios de elegibilidade
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A Regra é Clara! O Estudo ICON-Reloaded O estudo ICON-Reloaded foi um estudo publicado no JACC, em 20 de março de 2018, desenhado como um estudo de acurácia de um método diagnóstico, no caso, do NT-Pro-BNP no diagnóstico de Insuficiência Cardíaca (IC) em pacientes dispneicos admitidos no departamento de emergência. O conceito que motivou sua concepção foi o de que as mudanças nas características epidemiológicas da população (mais obesos, renais crônicos dialíticos, portadores de FA) em relação aos primeiros trabalhos envolvendo o BNP, poderiam ter comprometido a acurácia dos pontos de corte do BNP e caso isso fosse verdade, eles precisariam ser revistos. Nesse sentido, 1.461 pacientes admitidos em 19 centros médicos com dispneia foram avaliados clinicamente quanto à presença ou não de IC e tiveram uma amostra de sangue coletada para dosagem do NT-Pro-BNP. Após isso, uma comissão avaliadora, cega quanto ao resultado do NT-Pro-BNP, julgava o diagnóstico de IC como co
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A Kind of Magic! O estudo SECURE-PCI  O estudo SECURE-PCI foi um ensaio clínico publicado no JAMA em 11 de março de 2018. Foi um estudo brasileiro, coordenado pelo Research Institute Heart Hospital e Brazilian Clinical Research Institute. Trata-se de um ensaio clínico randomizado, placebo-controlado, multicêntrico (53 centros brasileiros), duplo cego, cujo objetivo principal foi avaliar o efeito de doses de ataque de atorvastatina em Evento Cardiovascular Adverso Maior (MACE), composto por: mortalidade por todas as causas, IAM, AVC e revascularização coronária não-planejada ao longo de 30 dias, em pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA) e manejo invasivo planejado para até 07 dias do evento. Os desfechos secundários eram a ocorrência dos mesmos MACE's em 6 meses e 1 ano. Para isso, os pacientes admitidos nos departamentos de emergência com SCA e intervenção coronariana percuntânea (ICP) planejada foram randomizados para receber 80 mg de Atorvastatina (n=208
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Rivaroxabana, melhor para prevenção secundária de DAC estável – será? A despeito de todo arsenal que dispomos nos dias de hoje para prevenção secundária de doença aterosclerótica estável, o risco de eventos recorrentes permanece alto e gira em torno de 5-10% ao ano. Diversos estudos tentaram demonstrar que a associação de anticoagulantes à terapia padrão, poderia ser benéfica sem aumentar tanto risco de sangramento no manejo destes pacientes. Entretanto, o que se alcançou até agora, foram resultados modestos no que tange a recorrência de eventos , com aumento substancial de sangramento dos mais variados sítios, sobretudo com uso dos inibidores da vitamina K. É incerto também, se os inibidores seletivos diretos do fator Xa, que já demostraram, em trials anteriores, sua eficácia para prevenção de eventos trombóticos em comparação à varfarina e com uma menor taxa de sangramento, possa manter sua segurança quando associado a um inibidor plaquetário. Tentando responder est

Usar beta bloqueadores realmente previne cardiotoxicidade por quimioterápicos ?

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        A cardio-oncologia é uma subespecialidade dentro da cardiologia que trás uma perspectiva de encontrar formas de proteção cardíaca, contra a agressividade dos quimioterápicos. Apesar dos avanços na sobrevida de pacientes com câncer, seu prognóstico permanece limitado pelas complicações relacionadas com o tratamento: cardiotoxicidade de agentes quimioterápicos.            A antraciclina é responsável por disfunção miocárdica precoce e tardia, relacionadas com a dose cumulativa, gerando um desequilíbrio na regulação dinâmica da função cardíaca promovendo alterações na atividade adrenérgica e apoptose dos miócitos.            Diversas estratégias tem sido propostas para reduzir a cardiotoxicidade da Antraciclina e nesse contexto, o trial entitulado Carvedilol for Prevention of Chemotherapy Related Cardiotoxicity , objetiva avaliar o papel do carvedilol, diante de evidências controvérsias suportando o uso dos beta bloqueadores para prevenir a cardiotoxicidade por antracicli

Lugar de Hipertenso é na Barbearia!

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       O artigo do qual falaremos esta semana, foi publicado no New England Journal e intitulado: “A cluster- randomized Trial of Blood Pressure reduction in Black Barbershops”. Trata-se de um ensaio randomizado em cluster que traz a possibilidade de um novo ambiente da comunidade onde também pode-se fazer saúde.          Sabe-se que a Hipertensão Arterial não controlada é o maior problema entre homens negros não-hispânicos nos EUA, que são sub representados em ensaios de intervenção farmacêutica. Os homens Negros têm a mais alta taxa de morte relacionada a HAS entre qualquer raça, etnia ou gênero nos EUA e tem menos interação com médicos do que mulheres negras e menores taxas de tratamento de HAS, necessitando de alcance na Comunidade.           A ampliação do cuidado a saúde nas barbearias é bem estabelecida, em vários estados do EUA, mas ainda não tinha sido testado se melhora o manejo da HAS, em homens negros. Embora mais de 40 estudos randomizados tenham fornecido evidência

Digoxina e Mortalidade em Pacientes com Fibrilação Atrial

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A digoxina é uma droga bem estabelecida na medicina: usada em cerca de 30% de pacientes com FA no mundo e cuja janela terapêutica é estreita e seus níveis séricos influenciáveis por interações medicamentosas e comorbidades. A ausência de trials que estimem a eficácia a longo prazo/segurança em pacientes com FA ainda gera resultados controversos. Diante deste cenário, o autor quis fazer uma análise ‘post-hoc’ de subgrupos de digoxina do ensaio ARISTOTLE (Que comparou Apixaban vs Warfarina para prevenção de AVC ou embolia sistêmica em pacientes com FA e pelo menos 1 fator de risco adicional para AVC). Foi um estudo publicado em Março/2018 pelo Jornal do ACC e cuja idéia do trabalho foi a de aproveitar o banco de dados de um estudo anterior (ARISTOTELE), já que não há, até hoje, um racional muito grande que suporte que digoxina aumenta a mortalidade especificamente em pacientes com FA. E daí começa a primeira crítica ao trabalho: uma menor confiabilidade do estudo, uma vez que a